Vale a pena participar do Encontro da AMAU - Articulação Metropolitana de Agricultura Urbana!
Diversidade de concepções, conhecimentos, práticas, experiências, sabores, cores, além de ser muito divertido.
Compareça.
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quarta-feira, 20 de novembro de 2013
segunda-feira, 28 de outubro de 2013
É tempo de Jabuticaba: ploquet pluft nhoque!
Olha
a preta
colada no tronco
de caroço branco
que a mão do moleque
colada no tronco
de caroço branco
que a mão do moleque
Olha
a preta
de caroço branco
que a mão do moleque
arranca no toque
de caroço branco
que a mão do moleque
arranca no toque
O
que bate na boca
que a jabuticaba
faz ploquet pluft nhoque
que a jabuticaba
faz ploquet pluft nhoque
Olha o bando
que acode com saco
pedaço de taco
que bate no galho
que acode com saco
pedaço de taco
que bate no galho
Olha
o bando
que acode com o baque
que bate no galho
que faz plique ploque
que acode com o baque
que bate no galho
que faz plique ploque
Aí
depois todo mundo sentado
com o saco do lado
na sombra do pé
com o saco do lado
na sombra do pé
Nesse
pega, que come, que engole
é que a fruta faz
ploquet pluft nhoque
(Dory Caymmi e Paulo Cesar Pinheiro)
é que a fruta faz
ploquet pluft nhoque
(Dory Caymmi e Paulo Cesar Pinheiro)
A
jabuticaba por aqui é rainha!
Do pequeno ao grande, todos enchem os olhos
quando encontram uma jabuticabeira cheia, o que não é muito difícil porque há
árvores em muitos quintais ainda. Lá na cidade histórica de Sabará/MG acontece
a festa da jabuticaba e os gostosos produtos produzidos surpreendem os visitantes pela
variedade e sabor.
ao fundo: Jac no ploquet pluft nhoque! |
A
jabuticabeira é da família das Myrtaceae,
a mesma família do jambo, pitanga, goiaba, araçá e do eucalipto e é nativa da
Mata Atlântica. Tem várias espécies e acho que a que temos para os lados de cá é a Myrciaria cauliflora. Demora alguns anos
para frutificar, mas também quando resolve a gente nem consegue comer tudo.
A
casca da pretinha tem alto teor de pectina que é aquele ácido que promove
facilmente a geleificação e que pode ser encontrado também na maçã ou em alguns
frutos cítricos como na parte branca da laranja. Para se fazer uma boa geleia é
preciso que a fruta tenha bastante pectina, senão é necessário acrescentar. Existe a pectina industrial, mas essa não recomendo, já que conseguimos facilmente na maçã.
A
casca da jabu tem antocianina que são pigmentos responsáveis pelas cores das
frutas, flores e folhas de algumas plantas e que vão do vermelho ao azul (vermelho-alaranjado,
vermelho vivo, roxo, rubi-violácea…) e serve para proteger a planta da luz ultravioleta
e atrair os passarinhos, que não são bobos nada e entendem muito de alimentação
saudável!! A antocianina é um poderoso antioxidante que provoca efeitos muito
positivos no organismo. E por isso recomenda-se comer também umas casquinhas de
jabuticaba.
O
pé de jabuticaba sempre cria expectativas: primeiro a floração cheirosíssima
que a gente sente a quilômetros de distância. Depois as frutinhas verdes que
pipocam agarradas ao tronco que em seguida ficam pretas. Aí vem a chuva que afina a casca da fruta. E então, em um dia combinado, vai todo mundo
subir no pé e comer jabuticaba. A jabuticaba é motivo para o
encontro.
Pois
bem: colhida a fruta, parti para a produção de geleia e vinagre.Posto
agora a receita da geleia e se o vinagre der certo, coloco a receita depois.
Geleia de jabuticaba
2
quilos de jabuticabas maduras e inteiras
1,5
litro de água
500
g de açúcar (usei açúcar cristal. Sempre penso em 1/3 do açúcar para quantidade
do líquido). Mas para quem gosta um pouco mais doce, coloque 600 g de açúcar.
Lave
as frutas. Esprema os caroços com a mão. Faça isso antes de começar porque o
processo de espremer a casca durante a fervura deixa o líquido mais ácido. Coloque
a água e deixe ferver. Logo que ferver, coe. Eu usei um coador com furos
maiores, que deixou passar pedaços da fruta. Mas se não quiser é só coar em uma
peneira fina.
Volte
com o líquido coado para a panela e acrescente o açúcar. Ao ferver, vá
retirando a espuma que fica por cima. Não mexa muito para não açucarar. Deixe
ferver por aproximadamente 1 hora ou até dar o ponto de geleia que pode ser
verificado colocando um pouco de água em uma vasilha e colocando uma colher de chá de
geleia. Se ao colocar na água ela não se espalhar totalmente está no ponto. Fiz
a geleia mais mole e outra mais dura (1h20 de fogo) para testar os pontos.
cozimento |
sexta-feira, 18 de outubro de 2013
Nosso Rico e Destruído cerrado mineiro
Fui convidada por um grupo de arqueólogas para participar
de um projeto no Noroeste de Minas. Depois de nove horas de viagem chegamos por
lá. A cidade que existe desde 1840 tem um lindo centro histórico com igrejas e algumas
casas restauradas. Na região predomina o Cerrado, vegetação típica que,
infelizmente, vem sendo destruída desde a época da mineração do ouro até hoje,
com as infindáveis plantações de monocultura de eucalipto.
O Cerrado que ocupa mais de 24% do território
nacional resiste bravamente e consegue dispersar suas sementes em meio ao eucaliptal. Ali pouca coisa nasce, mas o pequi com suas flores atraem os veados que as saboreiam fazendo cara de estar comendo a melhor coisa do mundo. Os vi mais de uma vez comendo no meio dos eucaliptos.
flor de pequi |
Embora seja desolador o que está acontecendo em Minas Gerais, seja pela exploração secular de minério ou pela plantação de monoculturas que destroem totalmente a biodiversidade (lembrando que o cerrado brasileiro abriga cerca de 330 mil espécies de plantas e animais), ainda é possível ver neste bioma o tamanduá bandeira, pássaros coloridos, cobras de várias espécies, coelhos, tatus, insetos enormes e estranhos, além de muitas frutas e flores.
jenipapo |
baru |
cagaiteira com a plantação de eucalipto ao fundo |
caixa de abelha |
as veredas de Guimarães |
buritizeiro |
Além de estarmos destruindo toda riqueza que encontramos no cerrado mineiro sem nem ao menos conhecê-la completamente, colocamos em risco
as nascentes que abastecem as principais bacias hidrográficas do país e também
todas as comunidades que sobrevivem deste bioma.
essa nasceu no meio da terra dura com cascalho! demonstração da força da natureza |
Sou a favor de um controle rigoroso por parte do
Estado e das populações no cumprimento da legislação e também no aumento do número de áreas protegidas.
Quer saber mais sobre o cerrado? veja aqui no blog os sites Cerratinga e Central do Cerrado.
terça-feira, 15 de outubro de 2013
Vinagreira é hibisco
Quem
vem lá, quem vem lá? Nasceram as sementinhas de Vinagreira (Hibiscus sabdariffa L.)
Demorou mas finalmente consegui as sementes de
hibisco com Dona Júlia que tem aquela linda horta do grupo Frutos da União que
fica no Ribeiro de Abreu (já falei aqui). Pedi para um, para outro, mas nunca
chegada. Aí Dona Júlia me deu, plantei e nasceu muitas mudinhas de hibisco.
Ah, que lindo! Ela já nasce com caule e folhas roxos.
Ah, que lindo! Ela já nasce com caule e folhas roxos.
A planta tem origem lá pelos lados da Índia,
Sudão e Malásia e depois foi trazida para cá. É conhecida aqui por diversos
nomes como azedinha,
azeda-da-guiné, caruru-azedo, caruru-da-guiné, chá-da-jamaica, pampolha,
pampulha, papoula, papoula-de-duas-cores, quiabeiro-azedo, quiabo-azedo,
quiabo-de-angola, quiabo-róseo, quiabo-roxo, rosélia e vinagreira. No México é
conhecida como Flor da Jamaica, na França como Roselle e no Japão como Umê.
Bastante utilizada na culinária para fabricação
de doces, geleias, conservas, sorvetes, bolos, gelatinas, vinagretes, chás e
sucos e as folhas para salada. Tradicionalmente é usada como diurética, para
tratamento de desordem gastrointestinal, infecções hepáticas, febre e
hipertensão e muitos estudos científicos apontam a ação antioxidante da planta.
É um arbusto que atinge cerca de 2 a 3m de altura e podem ser usadas folhas,
cálices, sementes e as fibras para fazer papel. A flor da vinagreira é amarela-arroxeada. Uma
belezura!
Lá no Maranhão a turma faz o arroz de Cuxá, um prato com camarão
seco, folhas de vinagreira, gergelim e farinha de mandioca e é bom pra valer! As folhas são azedas, o que confirma um de seus nomes.
Como minhas mudinhas ainda estão crescendo,
comprei os cálices desidratados da vinagreira no Mercado Central de BH para
fazer experimentos que começaram com a produção da geléia com pedaços.
regalo que dei para Ana Maria de aniversário e os cálices que comprei no mercado |
40g de cálice de vinagreira desidratado
4 copos de água
1 copo de açúcar cristal (180 gr). Usei o açúcar
demerara orgânico porque era o que tinha, mas fica igual com o cristal.
Ferva a vinagreira com a água. Assim que soltar bastante cor, coe.
Acrescente o açucar e coloque o líquido em fogo baixo até virar um doce (mais ou menos 15 minutos). Não demore muito senão fica consistente demais. O ponto é quando ainda está líquido, mas não está escorrendo como água.
Eu utilizei um pouco dos cálices junto com açucar e ficou boa boa boa!!!
Ferva a vinagreira com a água. Assim que soltar bastante cor, coe.
Acrescente o açucar e coloque o líquido em fogo baixo até virar um doce (mais ou menos 15 minutos). Não demore muito senão fica consistente demais. O ponto é quando ainda está líquido, mas não está escorrendo como água.
Eu utilizei um pouco dos cálices junto com açucar e ficou boa boa boa!!!
O chá é de uma cor e sabor surpreendentes: rosa escuro e bem azedinho.
sexta-feira, 11 de outubro de 2013
Pipoca de Milho Crioulo Roxo do Cafezal
Fui a feira de orgânicos da
Vila Cafezal em Belo Horizonte/MG e além de comprar verduras e legumes da horta
da Associação de Moradores, comprei milho roxo de pipoca. São sementes crioulas
chamadas também de tradicionais, selecionadas e mantidas pelos próprios
agricultores há várias gerações e que têm uma grande variabilidade genética. Cultivada
pelos produtores da agricultura familiar, essas sementes garantem a conservação
da biodiversidade porque resgatam variedades em extinção e proporcionam
independência ao agricultor em relação às empresas transnacionais produtoras de
sementes híbridas. Além disso, comer qualquer coisa sabendo que não é
transgênica já é muito bom. Neste caso, além de não ser geneticamente
modificada, o milho roxo de pipoca foi cultivado sem agrotóxico.
Nos países da América Latina
como Peru e Bolívia há dezenas de tipos de milho, de todas as cores e tamanhos
e que variam também no sabor. Quero saber mesmo é onde estão nossas sementes crioulas
de milho? No Brasil há também outras espécies que quase não encontramos mais porque
foram extintas e inviabilizadas pela imposição do agronegócio e pela legislação na
venda de sementes transgênicas.
Quem me vendeu lá na horta da
Vila Cafezal foi Sr. Dorval. A horta é muito bonita e tem a melhor vista da
cidade de Belo Horizonte.Quem quiser informação de como adquirir a semente
crioula de pipoca de milho roxo pode
entrar em contato com o grupo Aroeira no aroeiraufmg@gmail.com.
A produção é pequena e tem venda local e por isso nem sempre tem para vender.
Estou testando a germinação
das sementes porque fiquei encantada com a espiga de milho roxo. É linda!
E se você só come pipoca de
microondas que vem no saquinho vai adorar essa aqui porque, apesar da pipoca
ficar pequena, ela é branquinha e crocante, além de não deixar piruá.
A receita é assim: uma xícara
de milho e uma colher de sopa de óleo. Se quiser substitua o óleo pela manteiga.
Coloque na pipoqueira ou em alguma panela com tampa e deixe pipocar. Aqui a
gente canta a musiquinha “pula pipoca maria pororoca” até parar de pular. A
meninada adora, canta junto e depois come com a maior alegria. Quando era
criança fazíamos coroas e colares enfiando em uma linha as pipoquinhas. Gostava
também de enfeitar as roupas de festa junina com elas. Era uma festa!
Se quiser fazer a pipoca no
microondas coloque o milho em uma vasilha com manteiga (não use se quiser mais
leve) e tampe. Coloque 2 minutos e depois minuto a minuto até parar de pipocar.
Quem quiser
ir a horta da Associação de Moradores da Vila Cafezal funciona de segunda a sexta de
6h30 às 9h e de 13h às 17h, na própria Associação ou entre em contato com o
Grupo Aroeira.
Tudo sem agrotóxico !!!
quarta-feira, 2 de outubro de 2013
Os queijos artesanais de leite cru do Vale do Jequitinhonha/MG
Ontem fui à Degustação
de Queijos Artesanais de leite cru do Vale do Jequitinhonha/MG, organizada pelo
Convivium Slow Food BH. Muitos tipos de queijos com sabores, formatos, cores e aromas
diferentes. Gente bonita e interessada
em colaborar para salvaguarda da cultura, dos modos de vida e dos saberes
envolvidos na produção de queijos artesanais.
O grupo segue as diretrizes do manifesto do
Slow Food Internacional em Defesa dos Queijos de Leite Cru, que tem como
objetivo realizar ações de mapeamento, divulgação e salvaguarda dos queijos
tradicionais de leite cru brasileiros. (veja mais aqui).
A questão dos queijos
produzidos a partir do leite cru (não pasteurizado) é que há uma legislação
sanitária que não permite que eles sejam
comercializados fora do Estado produtor, o que limita o crescimento da produção
local, a oferta no mercado e a diversidade de produtos oferecidos.
Por isso é
tão importante e necessário esse movimento para pressionar uma adequação da
legislação que deve criar formas de atender o pequeno produtor, além de
oferecer suporte a eles que, embora façam produtos saborosos e tradicionais,
precisam ter condição de se adequar, minimamente, às boas práticas de manipulação. Há muito o
que se pensar e considerar quando falamos de pequenos produtores no Brasil. Todos sabemos que o agronegócio, as grandes indústrias, as mineradoras, além da inexistência de uma política de desenvolvimento local, ameaçam a relação das comunidades rurais com a terra, com suas tradições e cultura, comprometendo a melhoria de sua qualidade de vida.
Fui convidada pela Bibi
que faz doutorado sobre queijos para participar da expedição que mapeou a
produção artesanal no Vale do Jequitinhonha, mas infelizmente não pude ir. A
expedição viajou 2500 km conversando,
provando e fotografando tudo. Trouxeram na mala muitos queijos e muitas lembranças
carinhosas dos produtores daquele lugar.
Marcelo Podestà, um dos
organizadores do Convivium de BH, falou sobre a proposta do Slow Food, da
expedição realizada em Minas e ainda fez uma introdução à degustação dos
queijos, com direito a ficha de degustação e dicas de como perceber melhor cada
queijo degustado.
E foi assim, entre
queijos brancos, marrons, cozidos, acompanhados de mel, melado, farinha de
mandioca, derretido, com pães deliciosos (feitos pelos italianos presentes),
cachaça, cerveja e com muita conversa e curiosidade que o encontro se deu.
Se quiser saber mais,
entre no site do Slow Food BH aqui no blog.
Bibi apreciando os queijim mineirm |
queijo cabacinha |
melado, mel, rapadura cachada, doce de amendoim |
broinhas e suco de tamarindo. humm muito bom! |
Marcelo e Bibi |
sexta-feira, 27 de setembro de 2013
Presentes!!!
Ganhei vários presentes ontem.
Dá Eugênia ganhei coisinhas mimosas e gostosas trazidas do outro lado do
oceano: baunilhas, açucares, flor de sal, pistilo de açafrão, bouquet de
temperos. Do Paulinho um bouquet de flores que alegrou a casa. E da Daniela Almeida
ganhei uma lição importante ao participar do encontro de mulheres da AMAU - Articulação Metropolitana de Agricultura Urbana de
Belo Horizonte. A AMAU é composta por grupos comunitários informais,
associações comunitárias, movimentos sociais de luta pela terra, por moradia,
movimento feminista, grupos de permacultura e alimentação saudável,
empreendimentos de economia solidária, pastorais sociais, redes, ONGs,
pesquisadores de várias áreas e estudantes.
Estavam presentes na reunião
da Comissão aproximadamente 30 mulheres. Claro que em um encontro apenas de
mulheres a questão de gênero dá a tônica da conversa, o que é muito bom porque é
fundamental existirem espaços de discussões em que a mulher seja a pauta
principal. Daniela nos contou que a Comissão de Mulheres surgiu em agosto de 2012 para fortalecer os trabalhos das
mulheres ligadas a agricultura. Falou também sobre os encontros da AMAU e
os caminhos que o coletivo tem trilhado. Curti
muito estar ali.
Quem quiser saber mais sobre o
assunto tem vários links aqui no blog e tem este com os artigos da Daniela
Almeida (aqui).
No fim do dia, com tantos
presentes, estava feliz e resolvi usar as maçãs sem agrotóxico que comprei na
feira que acontece às 3ªs feiras na savassi/BH/MG. Os comensais estavam, há
muito, me pedindo que fizesse o peito de pato, mais conhecido na gastronomia
francesa por magret de canard. O magret é o peito do pato da raça Mulard que foi engordado para fazer o confit e foie gras. Não
vou contar aqui como é o processo de engorda e abate desses simpáticos
patinhos. No
entanto, os meu convidados escolheram o cardápio e queria vê-los felizes também. Então resolvi juntar a maçã
com o pato. E foi assim:
Magret de Canard com Maçãs ao
aceto e baunilha
1 peito de pato ( serve 2 pessoas)
Sal grosso e pimenta do reino
moídos na hora
½ maçã cortada em fatias
½ colher de sobremesa de
manteiga
1 colher sopa de aceto balsâmico
½ colher de sobremesa de mel
sementes de baunilha (
opcional. Mas dá um toque especial)
Primeiro corte quadriculando a
pele do pato com uma faca sem atingir a carne. Tempere com sal grosso e pimenta
do reino moídos na hora.
Corte a maçã no meio, retire
as sementes e faça fatias de 0,5 cm.
Coloque em uma frigideira fria
o pato com o lado da pele para baixo. A
pele irá soltar muita gordura por isso a frigideira não precisa ser untada.
Deixe dourar por 5 minutos. Vire o pato e deixe por 3 minutos. Retire da
frigideira e deixe descansar por mais dois minutos mantendo quente.
Enquanto
isso, retire a gordura da frigideira e coloque a manteiga. Junte a maçã
envolvendo-a na manteiga e acrescente o aceto balsâmico. Deixe evaporar um
pouco junte o mel.
Fatie o pato e monte no prato
com a pele para cima juntamente com as maçãs. Comemos acompanhado de batatas
assadas.
O pato fica vermelho por
dentro, mas não está cru. Nunca deve cozinhar muito o peito do pato. Do
contrário ficará borrachudo e sem sabor. O vinho tinto espanhol foi o toque final.
segunda-feira, 16 de setembro de 2013
Almoço com Dona Maria: o melhor frango com quiabo de Minas
Dona Maria é assim:
inteligente, perspicaz, de memória impressionante, corajosa (afinal teve 10
filhos), habilidosa cozinheira, gentil e dona de uma imensa paciência. Contou
que quando teve que cuidar dos irmãos mais novos, aos 13 anos e no interior de
Minas, fazia pães e biscoitos de todos os tipos. Para os biscoitos, bolos, pão
de queijo, brevidades e pudins que eram feitos no forno à lenha, plantava a
mandioca e fazia todo o processo até retirar o polvilho. Para fazer o sabão,
começava por catar o coquinho no pé da palmeira e molhe, escorre, quebra,
corta, prensa, esquenta, esfria e finalmente o óleo para fazer o sabão, que
precisava de mais um dia de trabalho para ficar pronto. Tudo era assim: muito
trabalhoso. Depois de casada, cozinhava para mais de 30 trabalhadores da
fazenda Retiro das Três Barras, além de
alimentar a renca de filhos e dar muito amor.
E pela prática Dona Maria se
tornou uma excelente cozinheira, daquelas que sabe, só de olhar, se a receita vai
dar certo ou não. Como uma boa e tradicional mineira, cozinha tudo lentamente,
sem encurtar caminhos e sem ansiedade. Jamais usa temperos prontos (com o
abominável glutamato monossódico) e tem preferência por fazer pratos com pouco
óleo, pouca fritura e sem cremes e molhos.
Hoje com 80 anos domina as
texturas, proporções e medidas, o que lhe permite ser criativa. Não que dê tudo
certo na sua cozinha, mas ela não desiste e não se intimida com um biscoito que
ficou mole ou com o bolo que não ficou fofo. Ceci, uma das filhas de Dona
Maria, resolveu seguir a mãe nos conhecimentos quitandeiros e se tornou uma
produtora de biscoitos artesanais (aqueles produzidos com insumos naturais e
sem adição de aditivos químicos) que são deliciosos, finos e bonitos. Tem uma
legião de apreciadores fiéis do seu biscoito que fazem encomendas antecipadas
até para dar de presente. Tudo ensinado por Dona Maria.
Essa parola toda é para
mostrar o frango com quiabo feito por Dona Maria em um almoço de domingo comum em
que estavam presentes quinze pessoas, com idades entre três e oitenta e sete
anos. Delicioso como sempre, consegue fazer com que este prato tenha o mesmo
sabor todas as vezes.
Ela faz assim: limpa e corta o
frango, retirando toda pele. Passa vinagre e lava. Ela não usa limão porque
acha que impede o tempero de entranhar na carne. Soca alho, sal e ervinhas (as
que tiver à mão) e tempera o frango no dia anterior. No dia seguinte, coloca no
forno os pedaços (frito é outro processo) deixa até corar. O frango desidrata e
perde toda gordura, ficando “melhor para o colesterol”, segundo ela. Com isso, a
carne perde aquele cheiro e gosto desagradáveis, próprios de frango. Em
seguida, leva para panela uma pequena quantidade de óleo, deixa esquentar,
coloca cebola, mais um pouco de sal com alho, urucum e folha de louro e
acrescenta o frango. Refoga tudo um pouco e cobre com água quente para que a carne reidrate. Quiabos colhidos no
quintal, lavados, secos e picados pequeno, refoga-os em pouco óleo e sal com
alho, em uma panela separada até perder a baba. Não mexe muito, nem usa vinagre
(que ajuda a perder aquela viscosidade). Quando o frango está cozido, corrije o
sal e acrescenta o quiabo já pronto. Acrescenta mais água quente, quando
necessário e deixa ferver um pouco com a panela destampada para não amarelar o
quiabo.
Serve com angu e couve da
horta.
A sobremesa é um capítulo à parte. Esse aí é um
pudim de leite que ficou divino.Posto a receita depois.
Dona Maria no quintal da casa entre ora-pro-nobis, manjericões e capim cidreira |
quinta-feira, 12 de setembro de 2013
O Buriti na feira de agricultura familiar de MG
Como
contei em outro post, fui a feira de Agricultura Familiar de MG e foi muito
divertido. Nessa feira o que me chamou a atenção foi o Buriti. Quem levou o
produto foi Cooperativa Regional de Produtores Agrossilviextrativista Sertão
Veredas que fica em Chapada Gaúcha (mas é no Norte de Minas!), uma região
maravilhosa que fica no entorno do Parque Nacional Grande Sertão Veredas,
Parque Estadual Serra das Araras, Reserva de Desenvolvimento Sustentável
Veredas do Acari. Quem não conhece o parque do Peruaçu, não pode deixar ir.
Lugar de belíssimas cachoeiras, grutas e de muitos vestígios arqueológicos. A
cooperativa nasceu em 2006 junto com a criação da unidade de beneficiamento de
produtos do cerrado.
buriti desidratado |
Na
feira eles levaram as raspas de Buriti desidratado e a farinha de buriti (a
massa desidratada e triturada). O Buritizeiro é uma palmeira e chega
atingir até 40 metros de altura segundo me informou Márcio, um técnico da cooperativa que
me atendeu na barraca. Ele me contou em uma conversa tranquila (muito raro por
aqui na cidade...) todo o processo por que passa o buriti: os frutos são
colhidos e deixados de molho para que a casca dura e brilhante fique fácil de
ser retirada com uma faca. Em seguida a massa é tirada com uma colher, tomando
o cuidado para não vir junto a pele (bucha) que fica abaixo da polpa porque
aquela não é comestível. Fiquei pensando no cheiro delicioso que deve ser. Ele
disse com orgulho que esta massa pode ser consumida in natura para fazer doces, sorvetes, cremes, sucos ou tomar com
leite pela manhã.
A cor
é impressionante! Um amarelo cobre que indica a presença da vitamina A (caroteno),
mas é rica também nas vitaminas B e C. Segundo se tem notícia é uma das frutas
que mais contém vitamina A no mundo, 20 vezes mais que a cenoura.
Márcio
me contou também que a indústria de cosmético é a maior compradora deste
produto e neste ano de 2013 a região vendeu muitas toneladas do Buriti para uma
famosa marca brasileira. Fiquei interessada em descobrir alguns usos do Buriti
na culinária. Da forma que comprei, a massa desidratada tem um sabor azedo com
um leve amargor no final e se pode sentir a oleosidade.
Procurando
informações sobre o Buriti descobri que há dúvida se o buritizeiro é a mesma
palmeira chamada miritizeiro. Alguns dizem que apesar de serem semelhantes o
buritizeiro é a “Mauritia Flexuosa” e
o mitirizeiros é a “Mauritia Vivifera”, mas
encontrei apenas a confirmação do nome científico do buritizeiro. Outros nomes populares do buriti que
encontrei: miriti, boriti, moriti, muriti, caradá, guaçu, carandaí,
guaçu, palmeira dos brejos.
Os
brinquedos de Miriti produzidos na linda Belém do Pará/PA/Brasil no período de
festas do Círio de Nazaré encantam crianças e a marmanja aqui. São centenas de
brinquedos criados a partir do universo cultural da região (pássaros de todos
os tipos, peixes, barcos, cenas festas, casais namorando...).
brinquedo de miriti de Belém do Pará |
Comecei
agora a procurar formas de usar o buriti desidratado. A
primeira experiência foi de geléia de buriti com maracujá, mas não fui feliz porque não deu consistência. Ficou gostosa, mas mole demais.
Vou refazer a geléia e pesquisar outras forma de uso do buriti e quando encontrar e fizer, posto aqui.
Quem quiser saber mais sobre o buriti entre no site da cerratinga, indicado aqui no blog.
quinta-feira, 5 de setembro de 2013
Iogurte feito em casa: rápido e mais gostoso!
Faço sempre meu iogurte em
casa. É tão simples e rápido que não consigo nem imaginar em comprar.
O processo do iogurte é o
seguinte: os lactobacillus bulgaricus
(tão famosos na indústria de alimentos) utilizam a lactose, açúcar contido no
leite, para se proliferarem e eliminam o ácido láctico. O leite então é
fermentado, alterando sua textura e acidez. Todo mundo sabe as vantagens do
iogurte: é rico em cálcio, nutrientes e proteínas e por isso é um grande
parceiro da saúde, se consumido com frequência.
Para fazer o primeiro iogurte
compre um potinho desses sem sabor, industrializados, mas procure
não comprar aquelas marcas que acrescentam farinhas, estabilizantes e um monte
de outros ingredientes. Até hoje só encontrei uma marca no mercado. Há também o fermento granulado vendido em saquinhos, próprios para iogurte que funcionam muito bem.
iogurte feito em casa |
Há infinitas formas de comer o
iogurte, desde puro, com uma fruta, ameixas pretas (para regular o intestino), geléias
ou mel, passando por molhos para saladas e legumes que levam mostardas, limão,
azeite e ervas. Também como Lassi, um batido de iogurte doce ou salgado, muito
bebido na Índia que pode levar frutas,
especiarias, hortelã, água de rosas ou o salgado chamado por lá de Namkia Lassi que
parece um suco de iogurte que leva limão, cominho, água e sal e deve ser servido
frio e espumoso. Por lá temperam também as carne de carneiro e de frango com o iogurte que dá um caldo grosso e um gosto bem particular.
O iogurte pode ser
usado para fazer bolos, tortas e pães porque ele ajuda na fermentação e deixa
tudo fofinho, além de ser consumido também como Labna como o povo do Oriente Médio costuma comer. Fiz todas as
receitas e utilizei o iogurte em inúmeros pratos.
A receita é a seguinte:
1 litro de leite
1 copo de iogurte de 200 ml
Para o
iogurte esquentei a 35 graus um litro de leite integral, pasteurizado, de vaca,
mas pode ser leite de cabra ou ovelha. Se for leite não pasteurizado, direto da
roça, é preciso ferver primeiro e deixar chegar na temperatura certa. Se não
tiver um termômetro, aqueça o leite por aproximadamente 10 minutos em fogo
baixo e sinta na mão a temperatura. Ela deve estar morna quase fria.
Acrescente um copo de iogurte industrializado. Mexa bem e coloque em um recipiente com tampa e que não seja de alumínio, envolto em um pano. Ligue o forno e deixe esquentar um pouquinho. Desligue e coloque a vasilha de iogurte no forno que deve estar apenas morno e não quente senão vai queimar o pano e causar um incêndio!!! Deixe ficar assim de 4 a 6 horas em um local mais abafado, que mantenha o calor. Se a temperatura estiver boa ele irá virar iogurte rapidamente. Com o tempo fui aprendendo a temperatura certa e nunca mais deu errado.
Acrescente um copo de iogurte industrializado. Mexa bem e coloque em um recipiente com tampa e que não seja de alumínio, envolto em um pano. Ligue o forno e deixe esquentar um pouquinho. Desligue e coloque a vasilha de iogurte no forno que deve estar apenas morno e não quente senão vai queimar o pano e causar um incêndio!!! Deixe ficar assim de 4 a 6 horas em um local mais abafado, que mantenha o calor. Se a temperatura estiver boa ele irá virar iogurte rapidamente. Com o tempo fui aprendendo a temperatura certa e nunca mais deu errado.
Aí é só comer. Conserve em
geladeira e consuma em uma semana. Guarde um copo de iogurte caseiro para fazer
mais vezes e neste caso não precisará do industrializado. Com essa medida o
iogurte fica bem espesso e se preferir mais líquido faça o próximo com 100 ml
de iogurte.
Depois de pronto o iogurte fiz o Labna.
Conhecido também por Labneh, Lebne ou Laban é um alimento muito utilizado no Oriente
Médio e por nós aqui também porque já comi em várias regiões do Brasil. Ele é
obtido através da filtração do iogurte que perde o soro e fica uma espécie de
creme que parece um queijo pastoso. Para
quem não quer ou não pode comer manteiga é uma solução ótima porque é só
acrescentar azeite, limão, geléias, mel, canela ou um pouquinho de sal e ervas
e fica pronta uma pasta deliciosa que serve também para entradas para comer com
pão ou tomate.
Fiz assim: coei 2
copos de iogurte em um pano de trama fina ( só
para este uso) por 5 horas dentro da geladeira. Depois, retirei do pano com uma colher e temperei.
Há no mercado uns coadores de nylon que funcionam muito bem, mas o coador de
papel não funciona. Se quiser mais compacto deixe por 8 horas. Depois de pronto
deve cobrir com azeite ou comê-lo em poucos dias porque com o tempo
começam a dar uma espécie de mofo vermelho.
fazendo o Labna |
depois de coado |
labna já pronto com azeite e pimenta rosa |
terça-feira, 27 de agosto de 2013
Passeio pelo bairro e as árvores frutíferas
Caminhando pelo
bairro em direção à casa de Dona Maria e Seu Zeca de Ciço para uma prosa de domingo fui descobrindo quantas
árvores frutíferas temos plantadas nas ruas. Algumas parecem nascer por conta
própria. Outras estão muito bem adaptadas, parecendo que foram plantadas mesmo.
Talvez por um apreciador inconformado com a impermeabilização da cidade ou quem
sabe para lembrar o tempo em que BH era considerada uma “cidade jardim”.
pé de amora |
amorinhas ainda verdes |
Os passarinhos
já perceberam, há tempos, a chegada da primavera, principalmente os bem-te-vis
que estão enormes e cantando freneticamente. O mais engraçado é a cara de
“nem-te-ligo” que eles têm para nós. Nem os carros os assustam. Os sabiás
também estão por aí enormes, marronzinhos e alvoroçados.
Mas aproveitei
o passeio tranquilo e fotografei o que encontrei no caminho. Além dessas
árvores, já vi por aqui plantados na rua, pé de abacate, jabuticaba, jaca,
ameixa e pitanga.
mangueira com fruto e flor |
manga, muita manda |
romã no ponto de taxi |
muitas abelhudas nas flores de romã |
A primavera
chega no dia 22 de setembro e trará como sempre um tempo de fartura.
Que venha a primavera!!!!