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terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Munguzá em Cumuruxatiba

Passeando pela Bahia e admirada com as belezas daquela terra fui parar em Cumuruxatiba, distrito de Prado/BA. Segundo a história contada pelas meninazinhas de lá, o nome da cidade em Tupi Guarani significa “a grande diferença entre maré baixa e maré alta”. Isso porque o mar na vazante chega a recuar tanto que podemos caminhar quase 500 metros mar a dentro até encontrar a água.

Terra de Pataxó, povo bonito e aguerrido que, infelizmente, assim como os outros povos indígenas brasileiros, ainda lutam por um pedaço de terra e melhores condições para viverem sua cultura. Senti uma grande saudade de Neti, Divino, Mainã, Tuíra, Gunga, Denga e um monte de outros amigos Pataxós de Carmésia/MG que guardo na lembrança com carinho.

Tivemos sorte de encontrar em Cumuru os Chefs de cozinha Adriano e Nice que, acompanhados de uma equipe muito simpática e bem treinada, cozinharam divinamente os pratos baianos que passamos a comer todos os dias.

à direita os Chefs Adriano e Nice acompanhados da equipe
A mandioca é rainha e está presente em grande parte dos pratos, seja cozida, frita, triturada ou inteira. Mas não é dessa majestade que quero falar agora.

No café da manhã, esta senhorita, representante fiel da mistura bonita que deu nosso povo, me apresentou o Munguzá. Olhei, dei uma cheiradinha para descobrir do que se tratava. Ela então, vendo a minha ignorância disse que era um prato típico da Bahia feito de milho branco.

Ahhhhhhh bom! Porque não me disse antes? É canjica, sô!



Um dia peguei Nice de conversa. Ela me contou como é morar em Cumuru, a luta dos índios Pataxós por terra e dos assentamentos do MST na região, o despreparo dos prefeitos que não investem na estruturação do turismo e nem mesmo na infraestrutura para melhorar as condições de vida dos moradores da cidade. E nesse bate papo chegamos à culinária baiana, famosa no mundo todo pela sua versatilidade e pelos ingredientes típicos que muitos brasileiros ainda desconhecem.

Nice me disse que por lá o Munguzá é feito com coco ralado. Já aqui em Minas Gerais usamos o amendoim torrado e descascado.

O milho é da família Poaceae, assim como trigo, a aveia, o arroz, a cana-de-açucar, o centeio, o sorgo, a cevada e o bambu, que não parece mas é uma gramínea. Importantíssimo para o consumo humano e animal, os vestígios de domesticação do milho encontrados pelos arqueólogos datam de mais de 7.000 anos. Pela idade desse sujeito dá para imaginar a importância que tem em todo o mundo e as inúmeras maneiras de consumo.

O milho branco, esse de fazer canjica, ainda é bastante consumido aqui em Minas na época das festas juninas. No sul de São Paulo, o município de Quadras é considerado a capital do milho branco. Comi canjica também no Paraná. O Munguzá combina bem com as baixas temperaturas do inverno, embora tenha comido no verão da Bahia (suando em bicas! Mas estava uma delícia) 

A receita mineira de canjica é assim:
Serve 5 Porções

Ingredientes
250g de milho para canjica  (½ pacote)
1 litro de água

2 cravos
1 canela em pau pequena
1/2 litro de leite
1 vidro de leite de coco (se gostar)

3 colheres (sopa) de açúcar ou 1 lata de leite condensado (usei açúcar)
½ colher (café) de sal
50g de amendoim torrado, sem casca e levemente triturado

Lave o milho branco e deixe de molho por 4 horas. Na panela de pressão coloque o milho e a água. Se precisar acrescente mais água até a metade dos grãos. Leve ao fogo por 15 minutos. Abra e veja se está macio. Não deve ficar desmanchando, mas já deve estar cozido. Acrescente leite, sal, açucar (ou leite condensado), canela, cravo e amendoim. Se gostar coloque leite de coco. Deixe ferver sem tampar por 10 minutos ou até o caldo engrossar.

O sabor da canjica com amendoim é especial.Eu gosto de comer quente, mas há quem goste dela fria. 


Munguzá - Canjica



O mar de Cumuru: até às 12h ele fica longe.
 Depois volta forte com ondas quentes e  transparentes!



 A Pousada dos Chefs Adriano e Nice é a UAI Brasil!


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