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quarta-feira, 31 de julho de 2013

Feira de orgânicos em BH

Para quem é de BH/MG. 
Rede Terra Viva é um empreendimento de economia solidária que estabelece alianças entre produtores e consumidores de alimentos e produtos que respeitam a saúde, as relações humanas e o meio ambiente. 

As feiras presenciais realizadas por eles são uma delícia! As pessoas, as conversas, o local...
O preço é justo e o melhor: TUDO SEM VENENO! Os produtos são orgânicos e agroecológicos. 



Visite o site http://redeterraviva.org/  e faça seu pedido. 

terça-feira, 30 de julho de 2013

Queijo da Serra do Salitre/MG. Êta trem bão, sô!

Fui em junho em BH a Feira de Agricultura Familiar de Minas Gerais. Muitas associações, sindicatos, grupos organizados e famílias trouxeram seus produtos de dezenas de municípios. Em cada barraca que parei, conversei um pouco com os produtores. Gente simpática, animada e sem dúvida muito trabalhadora. Na conversa a gente descobre os usos de cada ingrediente, o modo de fazer e até receitas inusitadas.

Uma das coisas boas que encontrei por lá foi o queijo da Serra do Salitre. Os queijos de Minas são famosos por seu sabor, textura, consistência da massa e versatilidade de uso. Os mais conhecidos são o queijo do reino, fabricado na região de campo das vertentes, o queijo canastra fabricado na serra de mesmo nome que fica no sudoeste de minas, o queijo do Serro, fabricado na microregião de Conceição do Mato Dentro, além do queijo da Serra do Salitre que é produzido no alto Paranaíba.

Produzidos artesanalmente e com leite cru, os queijos do Serro, da Serra da Canastra e do Salitre tiveram em 2008 o registro no no Livro dos Saberes no IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) do modo artesanal de fazer queijo.

Isso me fez lembrar o filme de Helvécio Ratton, O Mineiro e o Queijo. Veja mais no http://www.omineiroeoqueijo.com.br/

A técnica de produção desses queijos tem características singulares e é a base da economia de muitos municípios e regiões, além de ser o ganha pão das famílias. Só para se ter uma ideia, segundo a EMATER, há mais de 25 mil produtores cadastrados no Estado de Minas Gerais.

Apesar dos queijos terem aparência e sabor específicos, há aspectos comuns como o uso do leite cru com a adição de pingo, um fermento láctico natural recolhido a partir do soro que drena do próprio queijo. Esse ingrediente transfere para o queijo as características do solo, clima e vegetação da região.

o queijo é embrulhado em um papel elegante
Os chefs de cozinha de outros Estados ficam sempre injuriados porque esse tipo de queijo feito com leite cru e sem pasteurização só pode ser comercializado aqui em Minas Gerais. Entenda mais sobre a comercialização do Queijo Minas no site do Slow Food Brasil

Na feira que fui estava o produtor João Melo, da fazenda Pavão que produz exclusivamente o queijo da Serra do Salitre. Na banca ele vendia o queijo fresco, o meia-cura com 15 dias de cura e o Imperial com 30 dias de cura. O queijo que comprei foi o de meia-cura ( porque o curado já havia acabado, mas fiquei com uma vontade danada de experimentar). Ele tem um sabor marcante, com acidez perceptível e é um pouco defumado. Imagina os pratos que são possíveis fazer com ele?

O problema aqui em casa foi que o queijo é tão bom que não deu tempo de fazer nada além de saboreá-lo da maneira como veio ao mundo. A única coisa que consegui foi comê-lo com a pimenta-rosa (link).


ele vem com uma capa que parece cera
Reza a lenda mineira que as vacas “escondem o leite” e o queijo “incha” se não houver serenidade e higiene no ambiente. Que simpático!

Quem quiser comprar o queijo Minas artesanal da Serra do Salitre entre em contato com José Melo (34) 99612284 ou (34) 91945470. O email é cooalpa@gmail.com.

Serralha “Ousada”

Moro em um prédio que tem grama no fundo e um jardim na frente. Um dia conversando naquelas quase engraçadas reuniões de condomínio chegamos à conclusão que gostaríamos de comer hortaliças todos os dias e sem agrotóxicos. Aprovada a ideia, iniciamos o processo.  
Com pás, enxadas e dores nas costas estava pronto o local da futura horta. Um afofando a terra aqui, o outro trazendo um saco de esterco dali e começam a chegar as mudas.

Preparamos a terra. Plantamos. Cuidamos. Molhamos. O mais impressionante é que o espaço é pequeno, mas a terra é generosa! Resultado quase imediato: muitos pés de couve, rúcula, salsinha, cebolinha, ciboulette, alho de folha, coentro, manjericão de vários tipos e tamanhos, alho poró, tomate, espinafre, hortelã, orégano, erva doce, além das folhas para chá. Trouxe dos quintais dos vizinhos mais sabidos as hortaliças não convencionais como o gondó (desse já falei em outro post aqui), a beldroega, o ora-pro-nobis e o quitoco.

Ainda estamos conhecendo o ciclo das plantas e aprendendo com os mais experientes no assunto a resolver pequenos problemas como formigas comilonas, pulgões emboladinhos e outros bichos que, como nós, gostam bastante de um verdinho! 

Tem uma planta que nós não convidamos para festa, mas ela veio assim mesmo, de ousada: é a Serralha.
Aqui nasceu espontaneamente dois tipos: a Serralha lisa (Sonchus oleraceus L.), conhecida como serralha branca, serraia e serralha dente-de-leão e a Serralha brava (Emilia sonchifolia), conhecida também como serralhinha, flor pincel, serralha mirim e pincel de estudante. São parecidas e igualmente saborosas. 

Serralha brava: ousadia em pessoa!

A serralha lisa tem um amargor gostoso e é cheia de vitamina A, D e E , além de ser bastante utilizada na farmacopéia brasileira para dezenas de problemas de saúde.  Sempre comemos crua na salada, mas também é boa para refogar. Dá para fazer recheios de empanados e pães. Nasce em qualquer lugar e normalmente ninguém está nem aí para ela.

Fiz uma salada de folhas do quintal com a serralha lisa, couve, almeirão, azedinha, manjericão verde e roxo regados com azeite extra-virgem que comemos com uma carne temperada com pimenta do reino fresca e mandioca cozida que ganhei do sítio de uma amiga. 


a folha em destaque é a serralha ousada

Bem simples, saudável e saboroso!




domingo, 28 de julho de 2013

Cansanção que queima e que não queima

Fico sempre admirada quando entro em uma casa e vejo uma horta.
Como isso diz tanto das pessoas que moram naquele lugar!
Aqui em BH ainda é possível encontrar quintais com canteiros de hortaliças e “pé de fruta” (ouvi isso de um menino outro dia).

E se por um lado as pessoas vêm se transformando e tornando a cidade um lugar bem difícil de viver, por outro, encontramos nestas mesmas cidades verdadeiras ilhas de sossego. Um quintal com canteiro cheio de hortaliças em plena cidade é assim. Oásis. 
Melhor ainda se vier acompanhado de uma boa prosa, de gente sabida e conhecedora das coisas.

Pois lá na casa de Dona Maria e Seu Zeca, que moram no meio do furduncio de BH, a gente encontra um quintal não só com alface e rúcula, mas com muitas outras hortaliças tradicionais. Dona Maria, a melhor cozinheira de comida mineira que eu já conheci (não tem para chef nenhum!) entende da transformação dos alimentos e tem em seu repertório uma imensa lista de ingredientes que sempre utilizou, desde quando morava na fazenda.

Dona Maria e Seu Zeca pegando no cansanção 
Uma das hortaliças tradicionais ou não convencionais que conheci por lá foi o Cansanção.
Conhecido também por urtiga, a folhinha verde escuro possui  pelos urticantes e é famosa por provocar queimaduras na pele. O que provoca isso é o ácido fórmico presente na planta. Na picada de abelhas e formigas acontece a injeção desse mesmo ácido, ocasionando a dor que sentimos.

Temido por uns e amado por outros, o cansanção é uma iguaria bastante consumida aqui em Minas, principalmente nos interiores, utilizada em pratos com frango ou porco.

semente do cansanção que queima
Esta espécie é a Urera caracasana (Jacq.) Gaudich. ex Griseb, da família Urticaceae e é chamada também de cansanção verdadeiro. Gosta de sombra e umidade e segundo estudos científicos a planta contém proteínas, cálcio, potássio, magnésio, fósforo, enxofre, ferro, sódio, manganês boro, zinco e cobre.

O cansanção é apreciado também em outros países como a Irlanda, Escandinávia, Tibet, alguns países da África e Europa. Na Itália a planta é adicionada a risotos e fritadas.

Dona Maria e Seu Zeca não têm medo do “marvado” não. Ele mostra que no quintal tem dois tipos de cansanção: a que queima e a que não queima. Não consegui descobrir ainda qual é o nome da espécie que não queima, mas vou pesquisar e falo depois. 

à esquerda: folha que NÃO queima - folhinhas mais redondas
à direita: folha que queima
Dona Maria dá a dica: enrole a mão em um plástico ou coloque uma luva. Pegue a folha ou tente pegar apenas com a parte interna da mão, caso esteja sem luvas. Segundo ela, a folha queima quando encosta em alguma parte do corpo que tem pelo. Mas caso a folha encoste no corpo, apenas lave o local. Rapidamente a sensação irá desaparecer.

As folhas devem ser lavadas e bem refogadas. Coloque uma colher de óleo na panela e acrescente o  sal com alho (socados na hora). Deixe dourar e coloque o cansanção. Vá mexendo e verá que ele reduz o volume até virar quase uma pasta. Refogue por 7 minutos. Ele deve perder toda a aspereza.  Faça uma costelinha e no final do cozimento acrescente o cansanção. Deixe ferver e coma sem medo! Você vai adorar.

Ah! a folha do cansanção que não queima deve ser feita da mesma maneira.



Resposta da charada

A resposta da Charada é CAN SANÇÃO! 


folha de cansanção



É bom contar para os que não conhecem o segredo da charada que a palavra a ser descoberta deve ter a grafia ou apenas o som. O que justifica a frase “o time campeão” (CAM – sigla do Atlético Mineiro )

Veja o post sobre o Cansanção. 

sábado, 27 de julho de 2013

Uma charada para lá de quente

Aprendi essa charada com Seu Zeca, um senhor muito sabido.
Quem adivinha?

Nos cabelos brancos o homem forte pode se queimar.
Dica: uma e duas
ou
O time campeão e o homem forte são o nome da hortaliça. 
Dica: uma e duas

As duas têm a mesma resposta. 


Uma foto para ajudar

Respondo amanhã.

Gondó, linguiça e angu

Hoje comemos novamente o Gondó lá da horta do bairro Ribeiro de Abreu/BH/MG. O Gondó é aquele que falei em outro post (link). Dessa vez resolvi fazer um prato bem mineiro. A indicação foi de Seu Zeca, dono de uma deliciosa horta no bairro Primeiro de Maio/BH, Lucilene, a moça que trabalha aqui em casa e que disse que na roça come muito gondó e de Dona Fizinha que conheci lá no Ribeiro: gondó refogado em alho e sal (socado na hora), linguiça de porco das boas e angu.

Isso foi o tira-gosto antes do almoço
Ficou uma delícia!

Paulinho fez uma observação própria de quem conhece um pouco dos sabores brasileiros. Disse que gondó parecia muito com jambu, mas sem a sensação de anestesia, aquele tremelique nos lábios que a folha dá.
Verdade! Tem o mesmo gosto de jambu e não é à toa. Os dois são primos porque pertencem a  família Asteraceae.
Já trouxemos as raízes de jambu de Belém diversas vezes para plantar aqui em BH, mas nunca conseguimos fazê-lo brotar.

Dá próxima vez que for fazer um pato no tucupi vou usar o gondó!

Só para lembrar que na feira do Ribeiro de Abreu tem de tudo: alface, almeirão, gondó, jiló, tomate, pepino, repolho, beterraba e muitas outras coisas. Acontece de 15 em 15 dias e quem quiser mais informação é só ligar para Dona Júlia. Veja no link acima o telefone dela.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Nossa Aroeira, pimenta-rosa

Caminhando pelo meu bairro hoje fiquei observando quantas árvores frutíferas têm nas ruas e nas casas. A maioria é de manga e de abacate. Descobri logo atrás da escola municipal uma árvore enorme de aroeira vermelha. Aroeira mansa como chamou Seu Benedito que mora bem em frente a bendita. 


árvore de aroeira na rua do meu bairro

Seu Bendito embaixo da aroeira 
Tenho observado seu desenvolvimento desde quando ficou florida. A árvore de médio porte é da família das Anacardiáceas e produz uma pimenta rosada, muito aromática, oleosa e de sabor doce. Seu nome científico é Schinus Terbinthifolius e é uma planta com muito fenol, o que significa que tem ação antibacteriana e fungicida. Tem amplo uso na fitoterapia que utiliza cascas e folhas da planta.

Conhecida também por aroeira pimenteira, aroeira brasileira, aroeira vermelha, aroeira mansa, arrueira, cabuy, cambuy, fruto-de-sabiá, aguaraíba, aroeira da praia, aroeira do brejo, aroeira-pimenteira, bálsamo, corneíba, aroeira do Paraná, aroeira do sertão.

Minha mãe conta que lá para os lados de Ouro Preto as mães recomendavam sempre: “Oh menino, não passa em baixo da aroeira não que dá coceira!”. É verdade, pois a árvore libera partículas de sua seiva e madeira que podem causar dermatite alérgica em pessoas sensíveis a isto.

Na culinária caiu no gosto dos cozinheiros brasileiros e do mundo. Os francesas a conhecem como poivre rose e utilizam bastante. Apesar de ser chamada de pimenta, ela não se parece com a pimenta do reino porque não é picante e tem um aroma de resina próprio da terebentina que possui. Deixa qualquer prato, salgado ou doce, lindo por causa da sua cor, mas aconselho cautela porque o sabor é bem marcante.

Colhi um pouco e sequei uma parte ao sol por 4 dias para não mofar. Depois guardei em um vidro tampado e ao abrigo da luz. Se quiser pode secar no microondas que dá certo também. Coloquei em um prato as pimentinhas, tampei com um papel absorvente e levei ao microondas em potência baixa por 40 segundos. Depois foi só guardar.

pimenta-rosa depois de seca
 Fiz uma pequena entrada com o queijo Minas curado da Serra do Salitre (falo dele em outro post), redução de aceto balsâmico (vinagre de uva concentrado) e pimenta rosa. Para a redução de aceto balsâmico usei cinco colheres (sopa) e deixei no fogo por 3 minutos ou deixe até o líquido perder um pouco do vinagre. Você vai ver que ele muda rapidamente a consistência. Não deixe muito senão vira uma bala. Se acontecer, coloque duas colheres de água e volte ao fogo até ficar líquido novamente. 
uma boa entrada para acompanhar uma cerveja
Ficou muito bom porque a pimenta tem um leve amargor e oleosidade, o aceto reduzido fica adocicado e o queijo tem sabor salgado e curado. Mas dá para fazer com mel, outro queijo curado e as belezinhas rosas. Fica muito bom também.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Inspirada por Gilberto Gil

Acordei inspiradíssima e aprendendo coisas novas...
O Gil embalando meu dia!

Abacateiro acataremos teu ato
Nós também somos do mato como o pato e o leão
Aguardaremos brincaremos no regato
Até que nos tragam frutos teu amor, teu coração
Abacateiro teu recolhimento é justamente
O significado da palavra temporão
Enquanto o tempo não trouxer teu abacate
Amanhecerá tomate e anoitecerá mamão

Abacateiro sabes ao que estou me referindo
Porque todo tamarindo tem o seu agosto azedo
Cedo, antes que o janeiro doce manga venha ser também
Abacateiro serás meu parceiro solitário
Nesse itinerário da leveza pelo ar
Abacateiro saiba que na refazenda
Tu me ensina a fazer renda que eu te ensino a namorar

Refazendo tudo
Refazenda
Refazenda toda
Guariroba

E por falar em Guariroba, quem conhece?

sábado, 20 de julho de 2013

Feijão-arroz de Bocaiúva

Achei este simpático feijão na feira de agricultura familiar. Ele é miudinho conhecido como feijão-arroz (Vigna umbellata). Uma leguminosa que ocorre principalmente na Índia, China e Malásia.
  
Grãos de feijão-arroz
Este veio de Bocaiúva/MG da Associação das Mulheres Trabalhadoras Rurais (êta mulherada porreta!!) e quem conversou comigo foi Viviane, uma jovem sorridente da Associação. Ela contou que este feijão dá em rama, nasce facilmente por lá e que “o povo confunde com feijão-azuki, mas não é”. Sua indicação é de não colocar na panela de pressão para que não desmanche no cozimento. Com um sabor bem mais suave que o feijão carioca, pode ser usado em receitas salgadas ou doces.

Cozinhei o feijão por 50 minutos, sem  demolho. Ele não solta amido na água e por isso não dá aquele caldo grosso do feijão que estamos acostumados. Se quiser isso, tem que dar uma amassadinha. Mas imagino que seja ótimo para fazer pratos que misturam o feijão com farinha de mandioca, como a farofa de feijão ou tropeiro. Vou fazer algumas experiências e posto aqui. 

Dessa vez fiz um combinado tipicamente mineiro:
Arroz branco (com alho e sal socados na hora), feijão-arroz com pequenos pedaços de bacon, couve com serralha (da horta do nosso edifício) e ovo frito. 
  
Hummmm.... ficou uma delícia!!
Me disseram que este feijão é muito procurado pelos Macrobióticos, mas por que será que os chefs não utilizam nas receitas? nunca vi em nenhum restaurante, nem em cozinha alguma...

Quem quiser encomendar o feijão-arroz da Associação que fica em Bocaiúva/MG é só ligar para (38)99037555 ou 84176717 e falar com Viviane. 

sábado, 6 de julho de 2013

Comprando o Gondó na horta do Ribeiro de Abreu

Hoje fui a horta do bairro Ribeiro de Abreu aqui em BH porque ia acontecer uma feira. 
Cheguei lá às 9h da matina e quase tudo já tinha sido vendido. 
Me disseram que começou as 7h30!!! Ai ai ai, essa eu quase perdi.
Mas essa feira organizada pela própria comunidade e pela articulação metropolitana de agricultura urbana – AMAU (http://amau.org.br), com apoio da paróquia e da REDE (http://www.rede-mg.org.br), aconteceu ao lado da horta, o que facilitou a compra das hortaliças. Era só ir lá e escolher. Um luxo!!  Tentei comprar um alho poró, mas quando consegui entender a dinâmica da feira, já não tinha mais.
Consegui comprar beterrabas, cenouras, acerola, gondó e jiló.
A feira do bairro Ribeiro de Abreu acontece uma vez por mês. 


beterrabas, dona Júlia e uma moradora comprando repolho, banca com legumes.
O gondó eu não conhecia. Fiquei olhando para ele e provando a folha para chamar a memória do paladar. Nada. Quem é você, meu filho? Ele não respondeu como era de se esperar, mas dona Fizinha que estava achando graça me contou que come cru ou refogado e que de qualquer jeito é uma delícia. É engraçado ver como algumas pessoas salivam ao verem hortaliças. Acho que são almas borboletas.

folhas, flor e pé de gondó. Dona Fizinha feliz me apresentando o digníssimo.
Fui correndo procurar na cartilha de hortaliças não convencionais e achei que o gondó é o Erechtites valerianifolius, da família das Asteraceae. É também conhecido como gindó, maria-gondó, maria-gomes e capiçova. É uma planta herbácea, ereta, anual, ramificada, com hastes grossas, um tanto carnosa, podendo atingir de 40 a 100 cm de altura. Desenvolve-se bem em diferentes regiões de clima tropical, em solos com bom teor de matéria orgânica.
O plantio pode ser feito durante todo o ano, mas em regiões de clima mais quente, recomenda-se o plantio no período de março a agosto. Os ramos são colhidos após 60 a 80 dias do plantio, quando são cortados com 40 cm de comprimento.

A receita de Dona Fizinha é simples: refogue o gondó com sal e alho. A dica dela é comer com arroz, feijão, angu e uma carne de porco.  
A minha dica:

Quiche de Gondó com queijo Minas curado


Ingredientes para a massa brisée
2 xícaras de farinha de trigo
1 pitada de sal
100 g de manteiga gelada e sem sal cortada em cubos bem pequenos
1 ovo
2 colheres (sopa) de água gelada

Ingredientes para o recheio
3 ovos
150 g de folhas gondó lavadas
200 g de bacon
1 colher (sopa) de salsinha picada
1/2 xícara de creme de leite fresco gelado
1 xícara de leite
1 pitada de pimenta-do-reino
1 pitada de noz moscada (ralada na hora)
1 cebola pequena picada 
1 1/2 xícara de queijo minas curado ralado grosso
1 pitada de sal (prove o queijo. Caso seja mais salgado não coloque a pitada de sal)


Modo de preparo
Massa:
Coloque a farinha num recipiente e misture ovo ligeiramente batido, o sal e a manteiga em cubos. Misture com a ponta dos dedos, acrescentando a água aos poucos até a massa ficar homogênea. Não trabalhe muito a massa para que não seja liberado o glúten. Coloque a massa em um filme plástico, leve à geladeira por 30 minutos. Pré aqueça o forno a 180 graus. Abra a massa com o rolo, forre o fundo e as laterais de uma forma de 24 cm e leve ao forno. A melhor assadeira é aquela de fundo falso. Coloque um disco de papel alumínio ou papel manteiga cobrindo inteiramente o fundo da massa e cubra com feijão cru (grão de bico ou milho). Isso evita que a massa crie bolhas no fundo e cozinhe por igual. Leve ao forno médio por 10 minutos. Retire do forno e deixe esfriar. Descarte o papel e o feijão.

Recheio: Em uma frigideira aquecida doure o bacon. Retire o excesso de óleo e doure levemente a cebola picada. Coloque o gondó e a salsinha. A folha do gondó deve ficar macia.  Misture os ovos inteiros , o leite, creme de leite, queijo curado ralado, gondó, pimenta-do-reino, noz-moscada e o sal. Cuidado com o sal do queijo curado. Distribua o recheio sobre a base da massa assada e leve em forno pré aquecido a 180 graus por 50 minutos ou até o recheio ficar dourado.  



De comer com os dentinhos de trás!

Para comprar hortaliças da horta do Ribeiro de Abreu/BH/MG: 
Dona Júlia no (31) 9635-7530 ou 8555-0145.

Brasil de se admirar!

Conhecer o Brasil, seu povo, seus gostos, sua culinária e seus ingredientes, festas, saberes, práticas, modos de viver.

Conhecer suas memórias e acordar lembranças e sensações de um tempo passado, mas ainda muito presente.

Experimentar.

Se encantar com a natureza exuberante.

Se surpreender com sua diversidade e se indignar com suas carências.

Conhecer um pouco da alma brasileira!



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