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quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Tamarindo: indiano, africano, mas também brasileiro

Ácido, azedo, doce e estranho.
Assim é o fruto do tamarindeiro (Tamarindus indica L.).Pertencente a família Leguminosae, o Tamarindo é um frutinho alongado, de 5 a 15cm de comprimento, com casca quebradiça e parda. Li que é uma espécie nativa da África tropical, mas por se adaptar tão bem ao nosso nordeste pode ser considerada típica da região. Essa árvore tão bonita trazida pelos portugueses adaptou-se bem ao cerrado brasileiro por ser uma região quente e de longos períodos de seca. É um fruto muito utilizado na culinária africana (comi pratos feitos com ele no Quênia), Índia e aqui no Brasil.

Paulinho que tinha um pé de tamarindo na porta de casa na fazenda em que nasceu, região da Serra do Cipó/MG, ao ver a semente logo quebrou a casca e mandou para boca. Fiquei olhando para ver a careta e… ela veio! O tamarindo é  extremamente ácido e contém ácido tartárico, cítrico, málico e acético que, se muito consumido, são capazes de destruir o esmalte do dente. Mas Paulinho, nem te ligo! Gosto que lembra infância…

Ele contou que sua mãe descascava o tamarindo e deixava a semente na água de um dia para outro, adoçava e servia suco de tamarindo para a filharada (que naquela época eram 10 crianças!).

Fico sempre pensando que todo mundo, principalmente as crianças, deveriam provar ( ou ter a chance de provar) certos alimentos. Acho que o tamarindo é um deles. Mas infelizmente conheço poucas mães e pais que têm “coragem gastronômica”. Aquela coragem de conhecer coisas novas e sair da monotonia alimentar.  E assim os filhos, mesmo os mais pequeninos, já vão se tornando crianças pouco abertas às experiências gustativas. 

Minha amiga arqueóloga trouxe as frutinhas de lá do Norte de Minas. Fiz um caldo de tamarindo para usar no arroz, fervendo as sementes com água. Aproximadamente um litro de água para cada 7 sementes. Retirei a casca externa e fervi 15 minutos as sementes e a polpa ficou macia. Coei o caldo e o coloquei no arroz, na etapa final do cozimento. Ficou perfumado e muito bom, mas o arroz ficou um pouco amarronzado. Não gostei muito da cor e por isso na próxima vez vou colocar a cúrcuma para ficar com um tom mais amarelado ou talvez o urucum que deixará o prato com “um desvio para o vermelho”.




frutas do tamarindo, caldo e pasta antes de temperar
Fiz também um molho tailandês de tamarindo conhecido como Sambal. Existem inúmeras variações desse molho e muitos países o utilizam para dar cor e sabor específico ao prato. Há no mercado molhos prontos, mas eles não são tão bons quanto os que fazemos em casa. Uma coisa é certa: todos molhos prontos que provei levam, além do tamarindo, pimenta de diversos tipos e têm um sabor agridoce acentuado.

Fiz então um molho de tamarindo picante e levemente agridoce para comer com bolinho de feijão:

Para o molho:
1 1/2 pimenta dedo-de-moça vermelha com sementes (se gostar  menos picante, retire um pouco das sementes)
2 colher (sopa) de polpa de tamarindo
1 cebola média
1 dente de alho
1/2 colher (sopa) de açucar
3 xícara de água (utilizei a água do cozimento do tamarindo)
1 fio de óleo
Pitada de sal

No liquidificador bati a pimenta, a cebola, o dente de alho e um pouco da água até triturar bem. Aqueci a frigideira com o óleo e coloquei a mistura do liquidificador. Refoguei um pouco e acrescentei o restante da água, o tamarindo, o açúcar e uma pitada de sal. Deixei cozinhar até ficar um molho mais consistente. Rendeu 1 ½ xícara.

Servi de entrada no jantar esse molho com bolinhos de feijão fradinho e folhas novas de mostarda do quintal. 



Delírio dos convidados baiano, gaúcho e mineiros que adoraram e comeram rindo e suando!!!




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